terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Slavoj Zizek, Freud, Lacan e a realidade do gozo obrigatório

"Restam somente duas teorias que ainda indicam e praticam essa noção engajada de verdade: o marxismo e a psicanálise. Ambas são teorias de luta, não só teorias sobre a luta, mas teorias que estão, elas mesmas, engajadas numa luta: sua história não consiste num acúmulo de conhecimentos neutros, pois é marcada por cismas, heresias, expulsões. É por isso que, em ambas, a relação entre teoria e prática é propriamente dialética; em outras palavras, é de uma tensão irredutível: a teoria não é somente o fundamento conceitual da prática, ela explica ao mesmo tempo por que a prática, em última análise, está condenada ao fracasso – ou, como disse Freud de modo conciso, a psicanálise só seria totalmente possível numa sociedade que não precisasse mais dela." Slavoj Zizek

Zizek é um sociólogo, filósofo e crítico cultural esloveno.

Nasceu em Liubliana, na antiga Iugoslávia (hoje capital da Eslovênia). Doutorou-se em Filosofia na sua cidade natal e estudou psicanálise na Universidade de Paris.

É professor da European Graguate School e pesquisador sênior no Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana. É também professor visitante em várias universidades nos EUA, entre as quais estão a Universidade de Columbia, Princeton, a New School for Social Research em Nova Iorque, e a Universidade de Michigan.

Zizek é conhecido por seu uso de Jacques Lacan numa nova leitura da cultura popular - como por exemplo, Alfred Hitchcock, David Lynch, o fundamentalismo e a tolerância, ideologia e subjetividade em tempos pós-modernos, entre outros.

Em 1990, candidatou-se à presidência da República da Eslovénia, perdeu a eleição e a partir de então continuou dedicando-se exclusivamente a produção intelectual.

Segundo ele, a psicanálise é um discurso que não impede de gozar (obter satisfação), mas que permite justamente não gozar. Você pode gozar, mas não sob a forma de uma regra, de uma interiorização 'superegoica' . Por isso, o pensamento freudiano (ou freudo-lacaniano) é mais atual do que nunca.

Numa realidade em que o gozo é obrigatório, surgem os sintomas desta interiorização superegóica, onde a psicanálise pode se inserir e realizar ressignificações, e no lugar da cobrança "eu tenho que ter isso e ser aquilo", abre-se a possibilidade do "eu não tenho que ter isso ou ser aquilo".

Um comentário:

Anônimo disse...

Seu blog é bonito, limpo, informativo e ainda autoral. Mais pessoas deveriam ler. Parabéns.

Lindomar Silva Fragoso