segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A interpretação dos sonhos

"A interpretação dos sonhos" é um texto escrito em 1899, mas que por capricho de seu autor, levou data de 1900, pois seria um dos mais importantes textos do novo século. Não foi arrogância, isso de fato ocorreu! Não é à toa que hoje a Folha lança uma coleção de livros que mudaram o mundo e este encontra-se no meio deles. Segundo o próprio Freud a humanidade sofreu 3 feridas narcísicas: uma com Copérnico, quando este afirma que a Terra não está no centro do sistema solar; outra com Darwin, que nos mostra que somos uma espécie derivada de um animal e last but not least Freud nos deixaria inquietos com a idéia do inconsciente dominando nossos desejos e ações, ou seja, não somos donos de nossa razão.
Com este incrível texto, Freud nos mostra detalhadamente como a análise de um sonho conduz à idéias inconscientes, infantis e sexuais. Aliás outra idéia bem incômoda até hoje para qualquer pessoa é a da sexualidade infantil.
Freud, ao contrário do que muitos cientistas pensam, não deixou de considerar os aspectos biológicos do funcionamento cerebral, afinal ele era médico neurologista, ou o que mais se aproximava disto na época. Ele considera que o sonho tem, entre muitos aspectos, a função de possibilitar o sono, pois a mente não cessa seu funcionamento, então para possibilitar o sono, um descanso necessário para todo nosso aparato biológico, o sonho faz as vezes de funcionamento mental, sem funcionamento motor. Voi la!
O sonho teria ainda a função de homeostase mental, ele possibilita um trabalho de elaboração de desejos inconscientes, para que a mente possa se manter equilibrada. Entre outras funções, o sonho também é uma forma de realização de desejos. O sonhador realiza no sonho aquilo que não consegue realizar na realidade. O que ocorre é que na maioria das vezes o desejo inconsciente é tão proibitivo que o sonho se vale de mil disfarces para possibilitar a mente do sonhador alguma satisfação.
continua...



segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sim, Freud já foi muito criticado, e ainda é.

Imaginem... em 1900 Freud afirma que não estamos no controle de nossas ações e que estamos sujeitos às determinações de nosso inconsciente, em 1905 Freud afirma que existe sexualidade infantil, em 1924 afirma que existem instâncias psíquicas que não se pode localizar em nossa anatomia, entre outras afirmações que por si só já podem ser consideradas uma afronta à moral e a ciência de hoje, que dirá da época.

As críticas à Freud partiram não só de antropólogos como Malinowski, quando derrubou a afirmação de Freud sobre a universalidade do complexo de Édipo, mas partiram também de seus seguidores, como Jung e Adler, entre outros, que enfim romperam com Freud e rumaram outros caminhos com suas próprias idéias de verdade.

No fundo acho que é isso, as pessoas acreditam nas suas verdades e brigam por elas exatamente por acreditarem nelas.

Há muitos autores que escreveram coisas interessantíssimas e que nos fazem crer que aquela deve ser a verdade, como Sartre e Foucault...

Todos eles, Freud, Sartre e Foucault, de certa maneira e a seu modo, disseram que viver envolve sofrimentos necessários. Talvez o pulo do gato seja partir dessa premissa e se jogar na vida, afinal, você já vai sofrer mesmo, não há do que tentar se safar.

Todo escritor quando expõe suas verdades ou idéias está pondo a cara a tapa pra aquele que discordar dele, aliás toda pessoa que se comunica está sujeito a receber críticas por aquilo que diz... você vai ficar quieto por isso? Eu não!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Os mineiros do Chile - 17 dias sem contato

Foi no Chile, em 5 de agosto de 2010 que num trágico acidente, 33 mineiros ficaram presos sem saída há 700 metros de profundidade.
17 dias... 17 dias de sobrevivência sem contato com o mundo lá fora, sem saber se sabiam que eles estavam vivos, sem saber se continuariam.
Este triste incidente nos fez pensar sobre a capacidade destes homens e portanto a capacidade humana de não se destruir.
Durante 17 dias de necessidade de sobrevivência, houve solidariedade, democracia... Houve um acordo entre irmãos.
Houve a consciência do desamparo e da necessidade do cuidado do grupo, com o grupo, pelo grupo.
Incrível!
Toda força, apoio e sorte a esses homens nas próximas horas, dias, meses...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

"Eu me torno gay ou lésbica se fiquei com alguém do mesmo sexo?" - anônimo

Esta pergunta feita freqüentemente em consultórios demonstra o receio que os jovens de 13 a 23 anos têm de serem colocados definitivamente numa espécie de categoria sexual.
Existe um grande medo de ouvir e seguir os próprios desejos se esses desejos são ainda mal compreendidos socialmente.
É muito natural que em algum momento da vida uma pessoa sinta atração sexual, desejo por outra pessoa do mesmo sexo. Isso pode acontecer uma só vez, pode acontecer várias vezes, pode nunca acontecer.
Será que a freqüência com que isso ocorre deve determinar um rótulo pra pessoa que deseja?
Na minha opinião, não.
O desejo se forma a partir das inúmeras referências de relação interpessoal que o indivíduo possui ao longo da vida, e isso pode ir mudando. Ou seja, se um cara que sempre namorou meninas, um dia sente desejo por um homem, isso quer dizer simplesmente que um dia ele sentiu desejo por um homem e que ele enfim pode decidir se irá ou não se relacionar com este homem, mas isso não precisaria colocar rótulos em seu desejo, como "ele virou gay". Até porque esse mesmo homem pode voltar a sentir desejo por mulheres. E isso não é questão de querer, isso simplesmente acontece.
Freud nos ensinou que nós nascemos com uma predisposição à bissexualidade, ou seja, que podemos naturalmente nos relacionar tanto com pessoas do mesmo sexo quanto com pessoas do sexo oposto. Ocorre que por questões reprodutivas, a sociedade incentiva mais a relação heterossexual, então desde pequenos somos incentivados a ter comportamentos heterossexuais. Mas esse incentivo não destrói a nossa predisposição à bissexualidade, então nossa capacidade homoafetiva permanece ali, passível de se desenvolver a qualquer momento. Ocorre que há pessoas cuja repressão da homossexualidade é tão forte que nunca houve sequer uma expressão de desejo homossexual em sua vida, mas em outras pessoas que não tiveram essa repressão, então podem sentir esse desejo homossexual/ homoafetivo, pois ele está lá.
É claro que numa sociedade que ainda incentiva mais o comportamento heterossexual, o comportamento homossexual passa a ser rotulado pejorativamente, passa a ser mal quisto, passa a ser incompreendido... E as próprias pessoas que têm desejos homossexuais às vezes reproduzem essa incompreensão, afinal estão na mesma sociedade.
Enfim, fica aqui uma espécie de conselho, por mais que eu deteste esta idéia de conselho, pois não serve pra muita coisa... mas se servir pra você que está lendo, aí vai: procure não colocar nem em si nem nos outros um rótulo que prende e angustia a quem o recebe. Viva livremente e responsavelmente sua sexualidade não tendo medo de expressar seu desejo. Viva sua intimidade intimamente, algo que é tão seu não precisa ser exposto, uma aceitação social não se dá desta forma, pode acreditar. Desencuque, e escreva se quiser conversar!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

O que é Psicanálise?

A Psicanálise é uma teoria, uma prática psicoterapêutica, uma metodologia de desvelamento do inconsciente e uma disciplina que nasce no final do século XIX, início do XX com Freud.
Enquanto teoria, ela foi formulada ao longo dos diversos anos de estudo clínico de Freud, que diante dos casos intrigantes de histeria que o Dr. Charcot manejava com hipnose, foi instigado a iniciar um aprofundamento nas tentativas de tratamento, compilando então seus achados, suas conclusões acerca de suas hipóteses.
Freud logo percebeu que havia algo escondido no próprio psiquismo do paciente que estaria causando a histeria, a que ele chamou de Inconsciente.
A Psicanálise seria então um método de acesso ao Inconsciente, mas não apenas para descoberta de causas, mas também para liberação de afetos recalcados.
(continua...)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O casamento

Tenho uma tendência a assistir a TV Cultura nos domingos à noite para ouvir o Psicanalista Contardo Calligaris falar, e um dia desses ele falava sobre o casamento. A frase foi mais ou menos essa: Eu tenho mais medo que ela se traia do que me traia.
Quantas reflexões a respeito... O que seria trair-se? Seria trair os próprios desejos, as próprias vontades. É bastante nobre alguém que aguente que o outro ao seu lado siga seus próprios desejos, e da mesma forma é nobre descobrir e ir atras dos seus. Talvez seja esse o casamento que mais dê certo, pois não haveria cobranças do tipo: eu não fiz aquilo o que eu tanto desejava porque eu estava ao seu lado. E ainda que não houvesse cobranças "formais", haveria uma culpa interna por ter traído sim os próprios desejos. Creio que se ambos do casal conseguem realizar seus desejos, mesmo quando seus desejos não coincidem e eles não realizam coisas juntos, e se ainda assim eles continuam se amando e suportando isso sem apegos desnecessários, esse casal deve ter feito muita análise.
Talvez o ciúme seja quase uma inveja de que o outro passe a realizar o seu desejo por outra pessoa, coisa que o ciumento não tem a coragem de fazer.