Influenciados pelos discursos médicos que contaminam a reflexão acerca do fenômeno da "doença" mental, há psicólogos tendentes a obscurecer a escuta clínica do chamado louco e trocar essa escuta por um caminho muito bem propagado e vendido como mais rápido e mais eficaz: o da medicação. E isso é um perigo.
O perigo desta atitude está em contribuir para a manutenção deste ciclo vicioso que investe a psiquiatria e (infelizmente) analogicamente a indústria farmacêutica de um poder que ela não deveria ter, e não deveria pois se empenha para desconstruir a importância das relações sociais e construir a fantasia da solução mágica para as insatisfações do cotidiano, soluções que sabidamente (pelos que fazem e pelos que tomam as drogas que supostamente tratam as supostas doenças mentais) não existe.
Reconhecer que alguns medicamentos possibilitam melhoras na qualidade de vida de algumas pessoas que sofrem da mente, não significa aceitar que tudo o que é vendido como algo que fará bem, realmente fará.
Se não for a Psicologia e a Psicanálise a criticar e se colocar contra esses discursos e posturas nocivas ao estabelecimento dos vínculos interpessoais, maior será a força da indústria farmacêutica, que sob o argumento de ajudar as pessoas, vendem pílulas e ganham fortunas que os capacitam a comprar caráter e índole, opinião e ética de muitos profissionais.
É inaceitável que o investimento em pesquisas que de fato melhorem a qualidade de vida dessas pessoas tenha sido deixado nas mãos de vendedores.
Calar diante disso, é manter esse ciclo de poder nefasto e devastador.
Um comentário:
Minha cara, sinto que nesta batalha o principal problema é que a dita objetividade, a "ciência", os fatos experimentais, estão no outro front. Existem "estudos" feitos com "a mais séria" e "aceita" metodologia que "garantem cientificamente" os bons resultados da bioquímica. É mais do que provar a utilidade ou não de alguma coisa, é uma questão de paradigma. Boa sorte.
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