quinta-feira, 21 de junho de 2007

A psicanálise e a homo/bissexualidade

Freud (1905) utiliza o conceito de ´inversão´, para explicar a atração de um homem por um homem e de uma mulher por outra, classificando os invertidos em:
invertidos absolutos, ou seja, seu objeto sexual só pode ser do mesmo sexo;
invertidos anfígenos (hermafroditas sexuais), ou seja, seu objeto sexual tanto pode pertencer ao mesmo sexo quanto ao outro. (chamamos a atenção aqui para uma possível classificação bissexual);
invertidos ocasionais, ou seja, em certas condições podem tomar como objeto sexual uma pessoa do mesmo sexo e encontrar satisfação no ato sexual com ela.
Esta classificação foi organizada de acordo com as características de exclusividade na escolha objetal, estabilidade da escolha e momento de aparecimento desta. Este conceito abrandou a rigidez das fronteiras entre o normal e patológico, que eram bem demarcadas na época.
Quando Freud reúne as várias formas de inversão, acentua com isto que a sexualidade vai em busca do prazer (está sob o poder imperativo do prazer) e que não está restrita aos limites biológicos da procriação.
Freud fala que pode haver aceitação (homossexualidade egosintônica) ou rebeldia (egodistônica) por parte do sujeito invertido em relação a sua inversão.
Avaliando as construções teóricas de Freud, podemos compreender sua hipótese para explicar a possibilidade que todo ser humano teria de construir uma identidade masculina ou feminina independente de sua condição genotípica.
Todo ser humano terá de lidar, ao longo de seu desenvolvimento, com a escolha de objeto, seja ela hetero, bi ou homo. O ser humano nasceria com uma prontidão para a sexualidade e não com a escolha do objeto sexual determinada.
"Bissexualidade seria, nesse caso, a disposição originária a partir da qual cada pessoa se defrontaria, potencialmente, como os recursos que lhe permitiriam trilhar o caminho para a definição de sua identidade sexual".
Freud concebia que todo ser humano era portador de uma bissexualidade psíquica inata (Freud, 1905, 1919, 1930). Toda criança fantasiaria o desejo de possuir os órgãos genitais tanto da mãe como do pai. O fato de decidir-se por um desejo monossexual (homo ou heterossexual) constituiria uma das mais graves e frustantes decisões a ser tomada pelo ser humano (ferida narcísica) (Mc Dougall, 1997).

5 comentários:

Unknown disse...

Qual a referencia?
Em qual livro de Freud ele fala sobre a bissexualidade natural?
Obrigada

Unknown disse...

Cindy, o tema é tratado no texto "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade" de 1905, volume VII das Obras Completas. Imago. Não é a melhor tradução, mas está saindo uma tradução direto do alemão pela LPM, vendido em bancas de jornal, disponíveis os textos: "O futuro de uma ilusão" e "Mal estar na civilização". Além de outra editora, pode pesquisar. Até mais.

Anônimo disse...

Gostei bastante. Obrigada por disponibilizar tal informação, até mais.

Anônimo disse...

Não concordo com essa classificação de bissexualidade, pois no meu entendimento, bissexual é aquele que se sente capaz de amar e manter relação sexual tanto com homens como com mulheres.
Digamos, um homem que namora outro por amor e o sexo é a consequência.
Ocasionalmente, um dia esse namoro termina e ele conhece uma mulher por quem se apaixona. Namora e se relaciona sexualmente com a mesma.

O simples ato sexual não configura a homo ou a bissexualidade.

Lucas Tavares disse...

As pessoas tem seu lado feminino e masculino ao mesmo tempo. Não dá pra separar, até porque, é fruto da união de um pai com uma mãe. Esta informação pode chocar muita gente, mas 2% dos homossexuais tem em sua genética esta característica, os outros 98% são estéricos que não se identificaram com o genitor do mesmo sexo.