quarta-feira, 20 de junho de 2007

Sexualidade na psicanálise

No fim do século XIX havia uma preocupação muito grande com a questão da sexualidade, pois era vista como uma determinante fundamental da atividade humana. Na gênese dos sintomas neuróticos, a sexualidade era uma evidência e o fator sexual a causa primária. Com isto, veio à criação da sexologia como ciência biológica e natural do comportamento sexual.
Diante das mesmas interrogações que seus contemporâneos, Freud, contudo, foi o único a inventar uma nova conceituação, capaz de traduzir, nomear ou até construir a prova do fenômeno sexual. Assim, houve uma ruptura teórica (ou epistemológica) com a sexologia, estendendo sexualidade a uma disposição psíquica universal e extirpando-a de seu fundamento biológico, anatômico e genital, para fazer dela a própria essência da atividade humana (Roudinesco, 1998). Em conseqüência disto, a Psicanálise confere tamanha importância à sexualidade no desenvolvimento e na vida psíquica do ser humano.
Para Freud, é sobretudo a existência de uma sexualidade infantil, que atua desde o princípio da vida, que vem ampliar o campo daquilo que os psicanalistas chamam sexual. Foi esta maior extensão do campo da sexualidade que levou necessariamente Freud a procurar determinar os critérios do que seria especificamente sexual nas diversas atividades, pois o sexual não é redutível ao genital.
Atualmente na experiência e na teoria psicanalíticas, a "sexualidade não designa apenas as atividades e o prazer que dependem do funcionamento do aparelho genital, mas toda uma série de excitações e de atividades presentes desde a infância que proporcionam um prazer irredutível à satisfação de uma necessidade fisiológica fundamental (respiração, fome, função de excreção etc.), e que se encontram a título de componentes na chamada forma normal do amor sexual" (Laplanche, 2001).
Outro importanate conceito na Psicanálise, dentro do entendimento da sexualidade é a libido. No seu texto intitulado "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade" de 1905, Freud faz uma breve explanação sobre o que é a libido: uma pulsão sexual, uma necessidade sexual. Já em 1923 ele diz "Libido é um termo empregado na teoria dos instintos para descrever a manifestação dinâmica da sexualidade" (Psicanálise e Teoria da Libido – vol XVIII)
Libido, para Freud, englobaria todos os aspectos da energia pulsional sexual nos seres humanos. A libido pode ser dirigida para o mesmo sexo, para o sexo oposto e para si mesmo. No desenvolvimento sexual, haveria primeiramente na criança o desejo de possuir o genitor do mesmo sexo, em seguida o desejo de ser o genitor do sexo oposto. Essas duas pulsões homossexuais estão presentes em todo ser humano no inconsciente, até a vida adulta.

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