A saída para a mulher atual parece não mais ser o masoquismo. Esclaresço: Desde Freud pensa-se que a mulher toma uma via masoquista rumo a seu mundo adulto. E dentre outros aspectos do masoquismo, salienta-se que para sair da casa dos pais, haveria de se casar e se submeter a um marido.
A mulher atualmente tem novas possibilidades de rumos e isso gera reflexos na sociedade: a nova estruturação da família, a nuance criada entre o que seja papel feminino e papel masculino, são alguns reflexos dessa nova postura da mulher.
Apesar das novas possibilidades para a mulher, para muitas ainda só é possível a via do masoquismo.
Estas sinceramente vislumbram uma vida feliz ao se imaginarem cuidando do marido e da família que venham a formar, e aos poucos vão se dando conta que se puseram numa armadilha difícil de sair... sem independência e muitas vezes sem estudo suficiente para ter uma alternativa a sua vida de dona-de-casa, elas se vêem atiradas no nada quando sofrem (e a palavra sofrer aqui ganha um sentido especial que é literalizado por elas) um abandono ou perda do marido.
Muitas vezes mesmo se submetendo a maus tratos e humilhações, não vislumbram outro caminho para suas vidas a não ser a permanência no mesmo estado de masoquista.
A construção de uma nova identidade e talvez de uma nova personalidade urge, livrar-se da armadilha e da zona de conforto desconfortável é uma transformação revolucionária muitas vezes necessária para proteger a vida de muitas mulheres..
Um comentário:
Mais um bom texto de Daniela Smid. Penso, Daniela, que a assim chamada "revolução sexual" nos anos 60 é uma mentira. Com o conforto estadunidense do pós-guerra, a TV e a até então nova força da comunicação de massa, a pílula, o rock'n'roll, com tudo isso, as bases para algo revolucionário foram lançadas. Porém o termo revolução não é tão apropriado, já que apenas uma pequeníssima parcela da população mundial pôde gozar de algo que pudéssemos chamar de liberdade sexual ou mudança radical de paradigmas de gênero. Ainda hoje o mundo é machista, por exemplo. Sutiãs quimados? Não: silicone. Não que eu seja contra alguém buscar a beleza por qualquer meio, pois todos estamos presos a isso. Só estou dizendo que as coisas não mudaram - a mulher continua tendo que usar a beleza do seu corpo como moeda. Isso se dá por ser esta uma das poucas alternativas visíveis na sua busca pela felicidade. A maldição da "beleza grega" persiste, num mundo em que praticamente ninguém se parece com uma estátua grega. A família continua patriarcal - com a diferença de que a mulher agora tem dupla jornada de trabalho. Mas bases existem para que se possa mudar. Para isso é preciso coragem. Só que na selva desta luta pela sobrevivência neste país tão desigual, as possibilidades de se pensar a vida criticamente ficam embotadas. O povo está sem forças para lutar por mudanças. E as mulheres estão fracas. O quadro não é favorável. Contudo não percamos o otimismo em relação ao futuro. Futuro que se constrói agora, obviamente. Saudações!
Lia Fontes Salgado
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