O nome fetiche vem da palavra portuguesa feitiço, e tem um sentido de algo a que se dedica um grande interesse, como uma idolatria. O fetichismo é visto pela psiquiatria como um transtorno de preferência sexual, e se caracteriza pela obtenção de prazer utilizando algum objeto, como sapato, calcinha, entre outros. A psicanálise entende o fetichismo como uma perversão da maneira normal de se obter prazer. Essa pequena descrição é certamente reducionista, pois há nuances infindáveis vistas em diferentes pessoas ditas fetichistas, e é exatamente isso que não se pode perder de vista. Qualquer nomenclatura dada ao que uma época e uma sociedade definiu como problema não deve ser foco na compreensão de uma pessoa, ou incorre-se no erro de perder o indivíduo de vista e de reduzir a escuta clínica dele.
Atualmente a visão social sobre essa maneira de se obter prazer tem mudado. Há na mídia muitas propagandas de sapatos e de calcinhas usadas de forma sensual pelas modelos, insinuando um incentivo a utilização do fetiche em questão. E se há esse incentivo, supomos a maior aceitação social destes objetos em toda prática sexual. Surgiu há pouco tempo também um site que visa mobilizar grupos interessados em retirar o diagnóstico psiquiátrico de sadomasoquismo, fetichismo e transvestismo dos Manuais de Saúde Mental.
O fato é que a sexualidade humana não pode ser entendida como algo com exclusiva finalidade reprodutiva, a coisa é muito mais complexa. E sendo um comportamento que tem como influências valores culturais historicamente construídos, é dinâmico, e está em plena mudança, e a mudança na sociedade reflete mudanças na ciência. Talvez então hoje em dia, assim como em outras épocas isso também já ocorreu, esteja se formando uma nova compreensão do que é patológico dentro do campo da sexualidade humana.