terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Da escolha autêntica no amor


Para fazer uma escolha autêntica é preciso um profundo auto-conhecimento. Algo pelejado, burilado, entalhado com as próprias mãos.

Mas como gerar auto-conhecimento na presença do outro? Como olhar pra dentro de si enquanto outro olho te admira e te mede? Há que se levar em conta o olhar do outro? Caso leve, onde vai parar sua autenticidade? Se perde? 

Seria então o isolamento a melhor forma de auto-conhecimento? Mas então não se corre o risco de acabar se apaixonando por si mesmo? De tanto burilar e pelejar para nascer de dentro de si, o fruto deste árduo trabalho de parto não acaba se tornando seu único e mais estimado tesouro? 

Quando o encontro de outro olhar penetra, quando na plenitude de um encontro há abertura para deixar o outro entrar, ocorre uma experiência inautêntica?

Acho que não!

É preciso cuidar de si para amar sem se perder. E não é preciso se isolar para se encontrar. Delicado equilíbrio...

Quando se espera que o outro faça algo, e até mude, para nos satisfazer, não se pode enxergar o outro, só vemos a potencialidade que ele nos reserva para nos satisfazer. É difícil buscar ser seguro e convicto, desejar mudar só a si e então relacionar-se autenticamente com alguém pleno e seguro de si a quem você não deseja mudar. É difícil abandonar o lugar de ser satisfeito por outro e assumir o lugar de buscar se satisfazer consigo. Quando nos posicionamos exigentes só com o outro, nos abandonamos, nos tornamos inautênticos, pois nosso desejo se torna exclusivamente ser satisfeito pelo outro.

Abandonar esse lugar é libertador, pois então você agarra as rédeas de seu próprio desejo e ele diz respeito só a você. O desejo pelo outro se torna complementar...

Como diz Clarice "Não procure alguém que te complete. Complete-se a si mesmo e procure alguém que te transborde."